Ameaças ao cartunista Latuff demonstram a necessidade do controle social da polícia
A chacina da família Pesseghini em São Paulo, atribuída inicialmente ao filho do casal, um menino de treze anos, vem levantando muitas controvérsias. Na versão mais recente liberada pela imprensa as evidências apontam a possibilidade de que colegas de farda tenham realizado a execução.
A declaração do cartunista Carlos Latuff, horas depois das primeiras notícias, de que o menino acusado precisava de atendimento psicológico e merecia uma medalha pelo feito gerou polêmica e nas redes sociais diversas pessoas, entre elas membros de diferentes órgãos policiais, promoveram uma série de perseguições, ameaças de morte e incitaram outros colegas a fazer o mesmo.
Latuff tem seu trabalho reconhecido internacionalmente, em suas charges destacam-se temas como a causa palestina, as lutas pela emancipação popular e contra a repressão estatal, esta última, principalmente, tornaram-se denúncias às ações truculentas da polícia.
Diante das manifestações de maio a polícia expandiu a atuação de seu aparato repressor numa crescente onda de violência policial, prisões arbitrárias, infiltrações de policiais nas manifestações para cometer atos criminosos e outras ações de cunho ilegal. Na verdade, não era a atuação policial que havia mudado, mas agora se podia ver em todas as ruas aquilo que já acorria a muito tempo nos territórios mais pobres. O desaparecimento do servente de pedreiro Amarildo, (assim como tantos outros Amarildos que somem todos os dias pelo país), e o coquetel molotov lançado por um policial à paisana, no Rio de Janeiro, que tentava culpar os manifestantes pela violência nas marchas, demonstram que a polícia vem tomando atitudes que estão fora da lei e para além de qualquer controle social existente, e, portanto, legitimam toda e qualquer crítica que possa ser feita á polícia.
Nós do Coletivo Alternativa Autogestionária nos solidarizamos com o cartunista Carlos Latuff, repudiamos as ameaças promovidas e qualquer atitude que tenha por objetivo semear o medo e dificultar o trabalho de quem se posiciona de forma independente da mídia do grande capital e do Estado.
Defendemos ainda que as ações de segurança da comunidade devem ser controladas pela sociedade e que hoje, embora seja importante, apenas a desmilitarização da polícia não serve amplamente para coibir os abusos que vem ocorrendo, é necessária que haja uma maior regulação popular da atuação da dos setores de seguração pública.